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Entrevista Veganismo Sobre Rodas

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Veganismo Sobre Rodas – Uma cicloviagem pela saúde, meio ambiente e os animais.

Instagram: Veganismo Sobre Rodas Contato para eventos.

Entrevistamos o Cicloviajante Rodrigo Ferro, Eng. Civil e empresário de 39 anos (2020) que cansou da vida da cidade grande e decidiu sair de Recife-PE para viajar de bicicleta pelo Brasil levando a filosofia do veganismo através de palestras, encontros, vivências e oficinas de culinária vegana por onde passa.

Cicloaventureiro: Como surgiu a ideia de viajar de bicicleta pelo Brasil com projeto VEGANISMO SOBRE RODAS?

Rodrigo Ferro: Desde muito cedo sempre fui um apaixonado pelo ciclismo. Por mais de dez anos participei de diversas competições de MTB, triathlon e ciclismo de estrada. Em 2014 fiz minha primeira cicloviagem no litoral da Bahia, na Rota do Descobrimento, e me apaixonei por esse estilo de viagem. Em 2019, morando em Recife-PE e cansado da vida atribulada que tinha naquela metrópole, decidi conhecer o litoral nordestino pedalando. Porém não queria fazer uma viagem comum, apenas “turistando” e conhecendo cidades e paisagens. Queria conciliar a viagem com algum propósito que pudesse de alguma forma transformar a minha e também a vida das pessoas que encontrasse na viagem.

Cicloaventureiro: Qual o objetivo principal do projeto?

Rodrigo Ferro: A ideia inicial do projeto Veganismo Sobre Rodas era de levar mais informações sobre veganismo através de palestras em comunidades, escolas, faculdades, ONGs, sítios agroecológicos etc. Essas informações são para desmistificar uma série de mitos que acerca sobre o tema como por exemplo que ser vegano é algo caro, elitista e difícil para se alimentar e se nutrir adequadamente. Esse era o objetivo inicial. Porém, durante a viagem, quando me hospedava em alguns hostels, pousadas e camping, percebi a dificuldade de encontrar opções veganas nas refeições que eram servidas por esses estabelecimentos. Vi nessa dificuldade uma oportunidade de agregar ao projeto um serviço de adaptação do cardápio desses locais em troca de hospedagem, alimentação ou contribuições solidárias.

Macarronada com molho de tomate caseiro, carne de soja e legumes.
Macarronada com molho de tomate caseiro, carne de soja e legumes.

Cicloaventureiro: Foi estipulado algum prazo de início e término para o projeto? E o roteiro como foi pré-estabelecido e qual será seu destino final?

Rodrigo Ferro: Eu tinha estipulado um prazo de 40 dias para fazer uma viagem de aproximadamente dois mil quilômetros, saindo de Recife-PE até Caraíva – BA. Queria ter passado o réveillon em Caraíva, mas em uma cicloviagem as coisas nem sempre saem como planejado. Acabei parando Praia do Francês – AL, e recebi uma proposta irrecusável da Sirlene, proprietária do Hostel Averara, para desenvolver e incluir em seu cardápio algumas opções veganas e paralelo a isso montamos dentro do hostel uma hamburgueria vegana onde aproveitei para vender meus sanduíches veganos e juntar uma grana extra e depois seguir viagem.

Em relação ao prazo do projeto ele se tornou indeterminado pois o que era 40 dias passou a ser todo o ano de 2020. Sim, resolvi me dedicar esse ano para levar esse projeto para o máximo de locais que puder. Pretendo percorrer todo litoral brasileiro e chegar até a última cidade ao sul do Brasil, o Chuí – RS. Mas como disse anteriormente, em uma cicloviagem tudo pode acontecer e nem sempre as coisas acontecem conforme o planejado. Pode ser que eu mude os planos, mude a rota, mude as paradas etc. Então prefiro deixar tudo fluir naturalmente e deixar o sentimento comandar meu guidão.

Cicloaventureiro: Em relação ao veganismo, há quanto tempo você é vegano e o que lhe fez adotar essa filosofia de vida?

Rodrigo Ferro: Conheci o veganismo há 5 anos através de uma amiga que é vegetariana e me indicou um documentário, Cowspiracy (Netflix), que falava sobre os impactos da indústria agropecuária no meio ambiente e também sobre os problemas de saúde ligado ao consumo de alimentos de origem animal. Fiquei impressionado com as informações e curioso para entender mais sobre o assunto e desde então nunca mais parei de estudar e me atualizar de informações não só sobre o veganismo, mas também pelo ativismo ambiental e ética animal.

Queijo mussarela de batata inglesa.
Queijo mussarela de batata inglesa.

            Além do ativismo pude perceber as mudanças no meu corpo e na minha saúde depois de eliminar todos alimentos de origem animal (carnes, peixes, ovos, leites e derivados). O fato de ser atleta, me preocupava se ia sentir alguma deficiência nutricional ou perda de desempenho por essa mudança de hábito alimentar, mas para minha surpresa a resposta foi totalmente inversa. Tive um ganho de força e aumento no desempenho no esporte muito grande, além de me curar totalmente de diversas doenças autoimunes como psoríase, alergias, rinite alérgica e síndrome do intestino irritável. Posso dizer que todo esse ganho de saúde foi o principal fator para acreditar na filosofia do veganismo e na dieta a base de frutas, grãos e vegetais.

Cicloaventureiro: Você já disse que tem encontrado dificuldade em encontrar opções veganas para se alimentar nos estabelecimentos onde se hospeda. Além disso, qual outra dificuldade você tem encontrado ao levar seu projeto para as pessoas e para esses locais por onde passa?

Rodrigo Ferro: Eu acredito que essa principal dificuldade de não encontrar opções veganas por onde passo é por causa da falta de informação. Muitas pessoas ainda tem a errada ideia de que comida vegana é caro, difícil e sem gosto. E o que eu vejo é que as pessoas estão abertas a conhecer e a aprender essa nova maneira de cozinhar, mas muita não se dispõe pelo comodismo.

            O propósito do projeto é justamente acabar com esse mito. Levando receitas, fáceis, baratas, acessíveis e com gosto surpreendente. E quando isso acontece tudo se torna mais fácil e as pessoas abraçam o projeto com muito carinho e respeito.

Então em resumo, a maior dificuldade é quebrar inicialmente esses mitos que as pessoas têm em relação a comida vegana.

Ciclo Aventureiro: Você passou a ter uma companheira no meio da viagem, A Branquinha. Conte-nos como ela surgiu na sua vida, no projeto e como está sendo viajar na companhia de um Pet?

 

Rodrigo Ferro: A Branquinha entrou na minha vida há 03 anos quando ainda trabalhava no ramo da construção civil, e ela, ainda filhote, apareceu em uma das obras que eu administrava na cidade de Palmas-TO. Ela foi conquistando todos os funcionários da obra e comigo não podia ser diferente pois ela sempre foi muito mansa e dócil. Resolvi adotá-la e desde então ela passou a ser parte integrante da família.

            Como a ideia inicial da viagem seria só passar quarenta dias fora eu a deixei na casa da minha mãe em Recife – PE, porém depois que o projeto tomou uma proporção maior e eu percebi que a viagem iria se estender muito mais que o programado, tive que ir busca-la pois não iria conseguir passar tanto tempo longe dela.

            Viajar com um pet tem sido um desafio. Desafio físico, pois o peso a mais faz toda diferença quando se está pedalando. Psicológico, pois existe uma preocupação a mais na viagem e por eu ser muito apegado ela essa preocupação se torna maior.

 Porém tudo isso é superado quando recebo o carinho da Branquinha durante nossas paradas na estrada e também quando as pessoas que encontramos pelo caminho se encantam com ela. Vale muito a pena todo esforço e preocupação.

 

 

Ciclo Aventureiro: Qual mensagem final você deixaria para nossos seguidores do Portal Cicloaventureiro que pensam em um dia fazer uma viagem como essa e qual conselho para aqueles que ainda não sabe por onde começar?

 Rodrigo Ferro: Bem, a mensagem que eu posso deixar é a que sempre acreditei mesmo antes dá início a essa aventura. No mundo existem muito mais pessoas boas do que ruim. Então, tire todos os seus medos e preocupações da cabeça e vá com o coração aberto sempre pensando no melhor e sempre fazendo o bem por onde passar que não tem como dá errado. O universo sempre conspira a favor de quem leva o bem consigo.

            Para quem pensa em um dia fazer uma cicloviagem o meu primeiro conselho é que você defina logo uma data de saída. Se não definir uma data nunca sairá pois estará sempre esperando o momento certo, o equipamento certo, as condições climáticas e financeiras certas e com isso você termina não saindo do lugar.

 

            Defina uma data, planeje um roteiro, mesmo que ele venha ser modificado durante a viagem, o que é bem provável de acontecer. Se organize com as finanças, mas caso resolva trabalhar durante a viagem, defina quais tipos de serviços você pode executar e faça contatos prévios nos possíveis locais onde seus serviços serão úteis. Não deixe de fazer sempre manutenções na bike durante a viagem e se possível faça um curso de manutenção básica em bicicletas como trocar pneu, regulagem de freio, lubrificações em geral para não passar perrengues na estrada com problemas mecânicos.

            Acredito que seguindo esses passos você irá se resguardar de muitos problemas que estamos sujeitos a passar durante uma viagem com isso sua aventura se tornará muito mais segura e prazerosa.          

Foto divulgação das Oficinas do Veganismo sobre Rodas com o Chef Rodrigo Ferro.

Contato com o Rodrigo : via Instagram